Os dados biográficos sobre ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH foram fornecidos, em maio de 2020, por sua única irmã viva, Nely, por seus filhos um sobrinho que teve a felicidade de conviver por longo com os familiares de ARTHUR BRUNO e de AUGUSTA, sua esposa. Também foram obtidos da publicação ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH – perfis pernambucanos – Vol 15, de 1999. O livro foi escrito pelo jornalista Ricardo Corrêa. A internet também foi fonte de informações e a mais notável foi encontrada no endereço www.fortalbus.com.br (texto: O LEGADO DEIXADO PELO PIONEIRO ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH DO GRUPO BORBOREMA).
Artur Bruno era o quinto filho do casal Pedro Schwambach Júnior (já biografado) e de Maria Amélia Lúcia Herzog Schwambach. Nasceu em 05 de setembro de 1920, no município de Baixo Guandu, no Espírito Santo.
As três primeiras filhas do casal Pedro e Maria Amélia, Cecília, Adélia e Ilda nasceram em Santa Leopoldina, no Espírito Santo. Após o nascimento da terceira filha, toda a família mudou-se para a propriedade nas margens do Rio Guandú, no então distrito de Afonso Penna, atualmente distrito de Ibituba, município de Baixo Guandú. Antes de Arthur Bruno nasceu Corina mais uma filha do casal referido. Nessa localidade nasceram os outros filhos que somaram um total de 12.
Todos os filhos foram criados e educados numa pequena fazenda vizinha a uma minúscula vila interiorana. O ambiente era extremamente salutar, com abundância de alimentos, onde sempre foi aspecto importante o modelo familiar austero, trabalhador, justo e cumpridor dos compromissos e obrigações. A presença constante e vigilante do pai e da mãe foi marco referencial significativo para a educação dos filhos. Todos os primeiros filhos do casal foram educados em escolas bilíngues, onde se falava o português e o alemão. Alemão que era também a língua comum quando estavam todos reunidos em casa.
A biografia de Pedro Schwambach Júnior com citação especial para sua extraordinária esposa, Maria Amélia, publicada neste “site” fornece mais elementos para avaliar o ambiente em que Arthur Bruno e suas irmãs e irmãos foram criados.
A morte precoce do pai, Pedro Schwambach Júnior, em 1934, desferiu um inesperado e duríssimo golpe na família. Aí ficou mais evidente o papel importantíssimo da matriarca, Maria Amélia, que com o apoio dos filhos mais velhos, dentre eles Arthur Bruno, já com 14 anos, continuaram a explorar o potencial da pequena fazenda e o comércio.
Provavelmente entre os anos de 1936 e 1938, o jovem Arthur Bruno começou seu projeto de buscar o próprio destino. Nessa busca, teve uma experiência como seleiro no pequeno povoado de São João, próximo a Ibituba. O pai recomendou que sua filha Zélia, que em 2001 fez o percurso Domingos Martins a Baixo Guandú, no Espírito Santos, por estradas de terra, visitasse essa pequena vila interiorana. Não foi possível colher informações sobre o seleiro Arthur Bruno. Já haviam se passado mais de 60 anos. Mas a experiência vivida ainda ecoava no imaginário do biografado.
A “picada” para o encontro da larga estrada por onde transitaria o jovem Arthur Bruno foi aberta aos 17 anos de idade quando ele foi sorteado para servir ao exército brasileiro. Percebeu a oportunidade de se qualificar em várias atividades, enquanto trabalhava como militar e logo se prontificou a atender ao chamamento. E o próprio biografado informou que a matriarca Maria Amélia não criou dificuldades, o que seria esperado, pois estava “perdendo” a força de trabalho do filho homem mais velho. Isso numa fazenda é uma importantíssima “baixa”. A mãe no engajamento no exército a oportunidade que o filho já vinha buscando. E o estimulou.
Em 4 de novembro de 1941 deixou o convívio familiar e foi incorporado como soldado ao 1o Batalhão de Engenharia, na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Viajou com a perspectiva de voltar, no fim de 1942, como lhe foi prometido, para continuar com suas irmãs e irmãos, a trabalhar na propriedade familiar.
Estava em curso a segunda guerra mundial. E o exército não teve condições de cumprir a promessa da liberação para o retorno às origens.
Do Rio de Janeiro, Arthur Bruno, já como cabo, foi transferido, em 1942 para Natal, no Rio Grande do Norte. O navio Araranguá o transportou nessa viagem A sua unidade, a 2a Companhia do 1o Batalhão de Engenharia, foi transformada na 14a Companhia de Transmissões. . Nessa capital nordestina permaneceu até 1945 e já havia sido graduado para 3o e 2o sargento. Então foi transferido para Recife, capital de Pernambuco, para o 7o Batalhão de Engenharia, unidade expedicionária, que se preparava viajar para os campos de guerra na Itália.
O fim da guerra marcou também a sua promoção para 1o sargento e foi transferido para Campina Grande, importante cidade do interior da Paraíba. E essa cidade paraibana, a Rainha da Borborema, o inspirou a adotar a marca BORBOREMA no seu empreendimento mais importante que certamente já passeava pelo seu ideário. Foi a gestação da RODOVIÁRIA BORBOREMA.
E ainda como militar, em 1948, começou a EXPERIMENTAR o que era ser empreendedor no ramo escolhido. Operar no ramo do transporte urbano de passageiros.
Fez isso, obviamente, sem a certeza de que o projeto era viável e assim manteve sua atividade militar para não criar dificuldades para o sustento da família. Já tinha três filhos para cuidar.
Nesse início, com a ajuda importante do cunhado Geraldo Barroca, exímio artesão, transformou um caminhão Chevrolet usado, modelo 1946, num ônibus. Muitas peças para os ajustes foram obtidas no ferro-velho. E o ônibus número 1, da RODOVIÁRIA BORBOREMA, passou a transitar garbosamente pelas ruas do Recife e a transportar pessoas da zona leste da cidade, de Nova Descoberta e arredores, para o centro do Recife. Tudo improvisado. Ou aparentemente improvisado. Pois num aparente modelo de coisas simples, adaptadas da forma menos custosa, com um ônibus improvisado, com pessoal inexperiente, havia uma vontade férrea, pensada, programada para vencer.
Deu certo. Tanto é que em 24 de junho de 1951 o 1o Sargento do Exército Brasileiro, Arthur Bruno Schwambach, encerrou esse capítulo da sua história, pra dar continuidade ao seu projeto já iniciado: SER EMPREENDEDOR.
Mesmo na reserva, em 1952, por decreto presidencial recebeu a promoção para 2o tenente. Recebeu posteriormente outras honrarias militares: MEDALHA DO PACIFICADOR, COLABORADOR EMÉRITO DO EXÉRCITO e no grau de CAVALEIRO, membro do CORPO DE GRADUADOS ESPECIAIS DA ORDEM DO MÉRITO MILITAR.
Em todo o tempo dedicado ao exército, ficou marcado o interesse de Arthur Bruno pela teoria e pela prática da mecânica automotiva. É possível afirmar, sem dúvida, que se transformou num exímio conhecedor do assunto. Isso, sem o risco de estar dizendo uma inverdade, foi um dos pilares – há outros, certamente – para a escolha e para o sucesso de Arthur Bruno na atividade principal que escolheu para a sua vida futura. Assim, o nato espírito empreendedor e a competência técnica adquirida nas oficinas mecânicas dos quarteis onde serviu se uniram para marcar sua vida futura a partir da vivência na caserna: ser empresário de ônibus para o transporte de passageiros.
A doutrina e a prática vividas no exército, evidentemente, o marcaram de forma significante. Cumprimento dos horários, dedicação às tarefas, persistência contínua, nunca baixar a “guarda”, nunca desistir, negação do cansaço, obediência à hierarquia funcional e também obediência à hierarquia do sabem e outras marcas, que adquiriu no regime militar, estavam sempre presentes na rotina de trabalho de Arthur Bruno. Ele sempre destacava a importância das duas escolas que frequentou e nas quais aprendeu: o exército e a vida.
Certamente não foi só isso. Arthur Bruno era um ávido leitor. Ao redor da cadeira em que descansava após a dura rotina diária de trabalho existiam sempre jornais e revistas de conhecimentos gerais e muitas revistas técnicas principalmente sobre empreendedorismo, pecuária, agricultura e transporte de passageiros.
Também era um notável observador. Era presença constante nas feiras nacionais destinadas à agropecuária. Várias vezes esteve em Uberaba/ MG, em Esteio / Rs e em Londrina / PR. Estava sempre acompanhados por filhos e/ou netos e procurava ensinar aos mais jovens os segredos da atividade. Arthur Bruno acompanhava os programas de televisão destinados à atividade agrícola e pastoril com notável assiduidade e interesse. Acompanhava o preço do boi nos mercados nacional e internacional e era especial comprador nos leilões de animais pela televisão.
Chegava a ser perfeccionista no que se propunha fazer. Para demonstrar essa afirmação basta citar a experiência que teve com a raça europeia de bovinos, a Chianina. Aconselhado por seu amigo Gianandrea Mattarazzo, que também criava esse animal, visitou a região italiana onde essa raça foi “inventada” para conhecer “in locco” as fazendas onde os animais eram cuidados.
Visitava regularmente as fábricas de chassis e de carrocerias de ônibus para conhecer as novidades e para fazer negociação. E era habilíssimo negociador.
Fábio, um dos netos que com ele mais aprendeu, relatou a negociação que presenciou quando o avô chamou o representante de uma oficina para recuperar um (apenas 1) ônibus. Achando que o preço proposto pelo representante da oficina era abusivo, disse ao Fábio, na presença do aludido senhor: chame agora o Sr. fulano de tal da outra oficina para vermos por quanto ele faz a reforma dos 30 ônibus que temos para consertar. Fábio disse que rapidamente o senhor, de olhos bem abertos, reduziu significantemente o preço e o negócio foi fechado.
Arthur Bruno era competente gestor, sem sombra de dúvidas. Começar um negócio com um ônibus improvisado e chegar a ser o mais importante empresário do setor de transporte de passageiros do nordeste, e um dos mais respeitados no Brasil, com uma frota de mais de 1.000 ônibus, dos mais modernos que circulavam no nosso país, é o testemunho maior da sua competência. Difícil quantificar quanto de “inspiração” e quanto de “transpiração”. Somava muito dos dois ítens.
Cristiano, foi selecionado por Arthur Bruno, há mais de 20 anos, para ser o responsável pelas fazendas de Pernambuco. Também prestou valiosa contribuição para a administração das fazendas do Espírito Santo / Minas Gerais. Conta Cristiano que após alguns meses de estar trabalhando perguntou a Arthur Bruno se estava satisfeito com o seu trabalho. Ouviu a resposta: ainda não posso responder: “ainda não te dei poder nem dinheiro”
Mesmo sendo poder e dinheiro paradigmas clássicos a modelar o comportamento humano e assim também o comportamento gerencial, à miúde explorados na literatura, o fato de Arthur Bruno conhecer, refletir e usar o assunto como mecanismo de formatação e de avaliação gerencial denuncia o cérebro privilegiado que tinha.
José Porfírio de Andrade Moraes e José Valentim de Moraes, dois importantíssimos executivos do extinto BANORTE — infelizmente extinto BANORTE – atestaram inúmeras vezes a confiança que tinham em Arthur Bruno que muitas vezes teve que recorrer a empréstimos bancários para fazer os seus negócios crescer e/ou melhorar. Pagou fielmente todos os compromisso assumidos. Criou um admirável nível de confiança em todo o sistema bancário que atuava no nordeste, especialmente no Recife.
E outra marca que imprimiu em suas atividades foi a dedicação ao trabalho. Preguiça, nunca. Descanso, o mínimo para recuperar o corpo. Sábados, domingos, feriados, dias santos, dias comuns de trabalho. Incrível essa disposição para o trabalho. Poucos os que o igualam.
Era cuidadoso com tudo. Minucioso com tudo. Perfeccionista com tudo. Nas visitas de lazer que faziam às fazendas do Espírito Santo, suas filhas/esposos e seus filhos/esposas podiam constatar que a casa tinha sido previamente preparada, que o bem estar de todos estava garantido, que a extraordinária Da Ana — que morreu recentemente aos 104 ou 106 anos de idade – estava pronta para fazer os deliciosos queijos, que a lagosta do Rio Doce e o cascudo do Rio Guandú estavam encomendados para as maravilhosas muquecas, e que até as piabas estavam aprisionadas num tanque para a pescaria. SENSACIONAL!
Notável, também, sua capacidade de ajudar quem precisasse e também de criar espaços de oportunidades para os talentos.
O extraordinário Padre Severino Santiago, da Paróquia do Vasco da Gama, que se transformou em amigo querido da família, recebeu muita ajuda de Arthur Bruno para as suas obras sociais. Miguel Batista e o velho Sobreira, militantes comunistas famosos, foram ajudados por Arthur Bruno. Interessante, um ex militar do exército, com a “cabeça feita” ajudando notórios comunistas. Enfim um “cabeça aberta” pronto a mudar, a se adaptar a novas circunstâncias.
Apoiou ao máximo o seu irmão Mario que se tornou um dos mais importantes – é possível que até o mais diferenciado – chefes de manutenção de frota de ônibus do Recife. Mário veio do Espírito Santo e, por dezenas de anos, foi o mais importante apoio de Arthur Bruno para manter os ônibus em condições ideais para transportar os passageiros pelo Recife e arredores e pelo interior. Mário foi o chefe geral da manutenção dos ônibus e também ajudou Arthur Bruno na administração das fazendas. Mario, como o irmão mais velho, também trabalhava continuamente, de domingo a domingo. Seguramente foi um dos mais importantes responsáveis para o crescimento do grupo empresarial BORBOREMA e das outras empresas do grupo. O “Tio Mário, era uma além disso uma figura humana excepcional. Calmo, pacato, educado, atencioso com todos. E um excelente pai. Com a “Tia Morena” construíram uma bela família.
Arthur Bruno que já havia escolhido como parceiro para o projeto o cunhado Geraldo, recebeu em 1948, então aos 18 anos de idade, a visita da sua irmã Nely. Geraldo e Nely enamoraram-se, casaram e constituíram uma bela família. Acolheu sua irmã Pedrina e o esposo Armínio que foram peças importantes na vida administrativa da empresa. Acolheu ainda Maria Amélia, irmã de Augusta, e seu esposo Herculano que também participou das atividades administrativas do negócio que Arthur Bruno comandava.
Paulinho, Armando e Nene também vieram do Espírito Santo e participaram das atividades que permitiram o crescimento das empresas comandadas por Schwambach, como Arthur Bruno era conhecido.
Também deu ao sobrinho Ivan, a oportunidade de um trabalho diferenciado e com excelente oportunidade de crescimento profissional. Ivan foi o homem de confiança de Arthur Bruno, vivendo um tempo em São Paulo para administrar o EXPRESSO PERNAMBUCANO que transportava passageiros do Recife para o Rio de Janeiro e para São Paulo e dessas duas capitais para o nordeste.
Maurino, um dos irmãos de Arthur Bruno, participou ativamente e de forma altamente qualificada da administração das fazendas do Espírito Santo e de Minas Gerais. Por muitos e muitos anos fez isso com total dedicação. Extraordinário, o Tio Maurino. Os que com ele conviveram sentem saudades da alegria e da paz que irradiava.
Trouxe para o Recife a sua irmã Cecìlia quando ela precisou de ajuda médica qualificada. No Recife a irmã Cecília foi atendida e operada por um dos mais competente especialistas na doença apresentada. Também trouxe ao Recife o seu irmão Maurino, para ser cuidado pelos mais diferenciados especialistas da urologia pernambucana. Cecília faleceu e foi enterrada em Baixo Guandú. Maurino faleceu no Recife e o corpo foi transportado de avião para ser sepultado na cidade onde moravam os seus familiares, Baixo Guandú. A Adélia foi cuidada até o fim da vida na cidade mineira de Aimorés, onde viveu por dezenas de anos. Recebeu todo o suporte possível num hospital de cidade interiorana. Mas teve um fim tranquilo. O irmão Oscar também recebeu todo o apoio que lhe foi possível oferecer, para a manutenção da saúde, em Baixo Guandú, e mesmo na capital Vitória.
Tudo isso mostra o vínculo que o empresário Arthur Bruno tinha com as suas origens e com as origens de Augusta e sempre criava oportunidades para que muitas pessoas vinculadas a eles, desde que tivessem algum talento, participassem do trabalho que vinha sendo desenvolvido no Recife. Também demonstra o carinho e o compromisso que Arthur Bruno tinha para com os irmãos que, com os parcos recursos que dispunham, não podiam arcar com o custo das despesas hospitalares e médicas.
E para manter sob o controle da família, para preservar a pequena fazenda nas margens do Rio Guandú, símbolo do seu pai e da sua mãe e dos seus irmãos, testemunha viva ainda hoje a lembrar o passado, Arthur Bruno, após a morte da mãe, fez um acordo com todos os herdeiros para preservar a propriedade intacta. E construiu, próxima à antiga casa que assistiu ao nascimento da maior parte dos filhos do casal Pedro Schwambach Júnior e Maria Amélia, e a todos abrigou, uma confortável residência para a família do irmão Oscar.
Arthur Bruno também foi líder classista muito respeitado na região onde desenvolveu sua principal atividade. Espírito de liderança, postura aguerrida, capacidade de ter foco, competência gerencial e empresarial e outros atributos permitiram que Arthur Bruno, de forma muito natural, não imposta, assumisse a presidência do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco. Após o cumprimento do mandato, continuou vinculado de forma muito próxima aos outros líderes do segmento no Recife e em Pernambuco e, por 5-6 décadas, era sempre consultado nas grandes decisões a serem tomadas. Fundou outro órgão classista, a Associação das Empresas Urbanos da Região Metropolitana do Recife – TRANSURB. Para isso contou com o apoio de Elson Soutro, fiel e competente amigo, de décadas de convívio, também transportador de passageiros – da EMPRESA 1002.
O prestígio de Arthur Bruno expandiu-se por todo o Brasil e é notória a sua amizade com Camilo Cola, criador da VIAÇÃO ITAPEMIRIM, uma das mais importantes empresas de ônibus da América Latina.
Daquele primeiro ônibus improvisado, em quatro anos, Arthur Bruno, conseguiu montar uma frota de 30 ônibus GMC, que os usuários irreverentes apelidaram de “chocadeiras”, por serem muito quentes. Em 1959, conseguiu adquirir seus primeiros ônibus Mercedes-Benz LP 312, muito mais confortáveis, com carroceria Caio, Cermava e Grassi. A chegada do gigante PAPA-FILAS, na década de 1960, causou espanto aos habitantes do Recife. Logo a negociação com o Sr. Serafin e a aquisição da linha Recife-Vitória de Santo Antão. Em seguida o entendimento com o grupo liderado por José Porfírio de Andrade Morais e aquisição do direito de explorar o transporte de passageiros da zona sul do Recife-Boa Viagem, Piedade, Candeias.
Novos negócios, novos compromissos, novos desafios e outros mercados foram abertos e somaram aos outros comandados por Arthur Bruno – EXPRESSO PERNAMBUCANO, explorando as linhas de ônibus Recife-Rio, Recife – São Paulo, criação da REAL ALAGOAS, explorando muitas linhas de ônibus nos vizinhos estados de Alagoas e Sergipe, inclusive uma experimentação com o transporte de cargas, concessionarias de veículos leves e pesados, fazendas para exploração agropastoril. Esses aspectos serão encontrados nos relatos das suas filhas, dos filhos e dos netos que continuam a labuta e o exemplo do pai e avô.
Um dos parâmetros que mede a importância do empresário Arthur Bruno são os mais de 5.000 funcionários que suas empresas chegaram a manter vinculados.
O valor de Arthur Bruno também foi reconhecido pelos parentes SCHWAMBACH do Espírito Santo. E a próxima ligação com Theodoro Schwambach, líder cultural e notável empreendedor no ramo da avicultura, de Domingos Martins, no Espírito Santo, é exemplo desse respeito mútuo. Foi Theodoro Schwambach quem apresentou Arthur Bruno a seu sobrinho Roberto Anselmo Kautsky, o mais criativo e produtivo orquidófilo do Brasil.
E foi Roberto Anselmo Kautsky quem falou a Arthur Bruno sobre o interesse de levantar dados sobre a genealogia dos SCHWAMACH no Brasil. E foi ele que repassou para Arhur Bruno o material existente sobre esse levantamento genealógico que havia sido começado por KARL e ERHARD SCHWAMBACH, na década de 1970, na Alemanha.
Um dos mecanismos de avaliar o ser humano é verificar a sua capacidade de fazer e de preservar os amigos. E Arthur Bruno, nesse aspecto também foi um gigante. Silva, Ascendino, Fernando e Calinhos Cisneiros (amigos que moravam no Vasco da Gama, próximo à Rua Rosália Cisneiros, sede administrativa da Borborema); Gilberto e os irmãos Batista, João e José, e Didi são citados para lembrar os inumeráveis funcionários que se tornaram amigos de Arthur Bruno; Manuel Hortas (o português da farmácia e depois dos colchões Anaton); Tenente Albérico e sua esposa, Da Quelita (queridos vizinhos da R. Pedro Allain);Egidio Ferreira Lima (consultor para assuntos jurídicos); Henrique Cruz e Luiz Fernando Maciel (de início médicos, mas depois amigos para tudo); Sebastião Martiniano Lins e Fernando Cavalcanti (dos fins de semana no Hotel Portal de Gravatá); Carlos Alberto Gueiros (vereador no Recife e empresário de ônibus); Massilon Souto e seus filhos Edson, Massilon e Elson (empresários no setor de transporte de passageiros); Antônio Cândido Sobrinho (corretor de seguros); Alfredo Bezerra Leite (empresário de ônibus); a simpatissíssima, imbatível com sua eterna alegria e seu contagiante sorriso, Aruza Souto (esposa do Elson); enriquecem esse rol de amigos os extraordinários Camillo Cola (criador da Viação Itapemirim) e Theodoro Schwambach (importante líder cultural, religioso e empresarial em Domingos Martins / ES); mas inquestionavelmente Layette e Madeline foram os amigos constantes, infalíveis, de Augusta e de Arthur Bruno, nas últimas décadas da existência do casal.
Merecem referência especial o General Ibiapina e Da Zilma e os filhos do casal (Alene, Helena, Hugo e Elane), amigos de muitos e muitos anos. Ibiapina, então comandante da unidade militar onde servia Arthur Bruno, ajudou a montar o enxoval das gêmeas, nascidas sem aviso da gemelaridade. Portanto sem orçamento para resistir às novas demandas. Ainda hoje as filhas de Ibiapina e as filhas de Arthur Bruno, 70 anos depois, mantém amizade exemplar.
Outra citação especial, e muito carinhosa, merece a Tia Nely que, nos últimos anos das vida de Arthur Bruno e de Augusta, foi presença amiga constante na vida dos dois, sobretudo quando das viagens de fins de semana a Gravatá.
Além das honrarias antes citadas, concedidas pelo exército brasileiro, Arthur Bruno foi agraciado com o título de Cidadão Recifense, de Cidadão Pernambucano e de Cidadão Alagoano. Em Brasília foi honrado com o diploma de MÉRITO DO TRANSPORTE URBANO BRASILEIRO, concedido pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Também recebeu o título de EMPRESÁRIO DO ANO, concedido por jornalistas credenciados pela Câmara Municipal do Recife. Por iniciativa do vereador recifense e amigo especial, Carlos Alberto Gueiros, a Rua Cosmorama, O, próxima à sede administrativa das empresas do grupo, passou ser denominada Rua Arthur Bruno Schwambach.
O maior GANHO de Arthur Bruno, o que mais AGREGOU VALOR ao seu projeto futuro, no período que passou em Natal, seguramente, SEGURAMENTE MESMO, foi conhecer e casar com AUGUSTA BARROCA. O nome de AUGUSTA vai de letras maiúsculas, pois ela foi assim, MAIOR, FANTÁSTICA, ADMIRÁVEL.
AUGUSTA começou sua vida, após terminar o curso normal, como normalista, indo lecionar numa linda praia de acesso muito difícil, no litoral norte do Rio Grande do Norte, Galinhos, prá lá de Touros e de São Miguel do Gostoso. O último acesso era a travessia de canoa uma enorme barra pra ela totalmente desconhecida. Lá foi recebida por desconhecidos com a informação de que moraria na casa deles enquanto trabalhasse na comunidade como professora. HEROÍNA! Ela contava essa passagem da vida com emoção e orgulho e emocionava quem a ouvia.
O casal Arthur Bruno e Augusta selou sua união matrimonial em e teve seis filhos – Pedro Ewerton, as gêmeas Tânia de Zélia, Maurício Luiz, Carlos Alberto e Maria das Graças.
Augusta foi, por toda a vida, enquanto pode, uma admirável dona de casa e cumpria com notável desempenho aquele milhão de tarefas que uma dona de casa tem que cumprir . As casas onde a família habitou, das mais simples, no início, até as mais confortáveis, eram sempre meticulosamente bem cuidadas. Augusta manteve por toda sua vida notável cumprimento dos ritos religiosos católicos. Exercia atitudes beneficentes voluntárias e sempre mantinha estreito vínculo com irmãs de caridade.
Augusta era uma excepcional cozinheira. A pamonha – habilmente costurada -, a canjica, o pé de moleque e o bolo de rolo – dentre outros pratos muito bem preparados, ainda hoje são lembrados por suas filhas quando conversam sobre o passado. Mas, tudo indica, que essa competência culinária não é geneticamente transmitida. As filhas não são capazes de imitar, sequer imitar, a mãe.
Para o início da atividade empresarial de Bruno, como ela chamava o esposo, investiu a pequena reservaba que dispunha para que a proposta empresarial do marido fosse testada. Essa participação era reconhecida por Arthur Bruno, que vez ou outra, abordava o assunto, e confirmada por Nely, irmã de Arthur Bruno.
Augusta era habilidosíssima costureira. Nos primeiros anos da vida empresarial do esposo, contribuía para renda familiar costurando sob encomenda. Também exerceu a função de caixa e de realizava outras tarefas gerenciais nos primórdios das atividades da Empresa Borborema. E com essa multiplicidade de tarefas de natureza muito variadas sempre mantinha a rotina da casa e o cuidado com as crianças em dia.
O carinho que Arthur Bruno dedicou à esposa e que Augusta dedicou ao esposo nos mais de 70 anos de casamento era admirável, raro, excepcional. E parece que o carinho mútuo registrou um contrato de longevidade entre eles e um acerto final único. Faleceram com poucos dias de diferença, no mesmo mês, no mesmo ano. Arthur Bruno faleceu em 22/11/2017, aos 97 anos, e Augusta 27/11/2017, aos 95 anos de idade.
Ambos estão enterrados no Cemitério Parque das Flores, em Paulista, PE.
Em março de 2022 a Prefeitura da Cidade do Recife homenageou o empresário nomeando a antiga Rua Cosmorama como Rua Arthur Bruno Scwambach.

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DEPOIMENTOS DE ALGUNS AMIGOS, DE EMPRESÁRIOS E DE LÍDERES CLASSISTAS ( FONTE: ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH–uma história de sucesso – da série perfis pernambucanos – 15, 1999, Ricardo Corrêa) E DE FAMILIARES DO BIOGRAFADO
a) DR. EGIDIO FERREIRA LIMA (advogado e ex deputado federal): “… Nele, vejo um predestinado, que, com lances de talento e grandeza, tem marcado a sua trajetória existencial com eficiência e criatividade…”
b) ELSON SOUTO (empresa 1002): … Foi assim que foi forjada a têmpera de Schwambach. A têmpera dos homens fortes e determinados, aos quais nunca faltam forças para enfrentar e vencer desafios…”
c) ANTONIO CARLOS PERRUCI (engenheiro, ex diretor do DNER, ex diretor da CTU e diretor da ATP-empresa de projetos): …” Ao longo de quatorze anos de nossa convivência profissional, nunca presenciei um posicionamento que não fosse claro, um compromisso que não fosse cumprido à risca, mesmo com prejuízo, pagando o preço de alguma incompreensão… salta aos olhos a imprtância da Dona Augusa. Ela é a única possibilidade de “seu” Schwambach desmarcar uma reunião ou sair antes do final de qualquer delas… O tamanho do carinho, respeito e consideração de “seu” Schwambach para com Dona Augusta, dão bem a medida da importância dela na estrutura familiar e no sucesso da sua carreira empresarial…”
d) EVANY CONSTANTINO STALLIVIERE (Marcopolo SA, Caxias do Sul, RS–fábrica de carrocerias para ônibus): …Resta-nos apenas citar o tirocínio e a atenção com que trata seus negócios, bem como a diplomacia e sinceridade com que se relaciona com órgãos públicos e representativos…”
e) ALEXANDRE BRITO CARNEIRO LEÃO (vendedor da Mercedes Benz do Brasil): …”mesmo tendo obtido todo o sucesso que um homem de origem humilde pode alcançar, não se tornou prepotente e não perdeu a humildade…”
f) ANTÔNIO CÂNDIDO SOBRINHO (Olinda Corretores de Seguros): “… que reconhece o valor moral das pessoas e que sabe cultivar amizades sólidas ao longo do tempo…”
g) EMPRESÁRIO SR. AYLMER CHIEPPE, FUNDADOR DO GRUPO ÁGUIA BRANCA (em maio de 2020)
“Arthur Bruno Schwambach foi um grande líder que tivemos no Recife, oriundo aqui do Espírito Santo, e transferido para o Recife onde criou sua família e também onde se transformou em um líder do transporte urbano, estadual e federal.
Arthur Bruno foi um amigo com quem tive a honra de conviver e sempre que podíamos trocávamos informações e visões sobre o futuro do transporte e dos negócios em geral. Ele sempre se mostrou um ouvinte atencioso buscando sempre aprender e evoluir.
Em Recife Arthur Bruno criou sua família e foi um grande líder, não só do transporte, mas um líder empresarial em toda a região. Ele deixou um legado de trabalho duro, dedicação e comprometimento com a sua visão de desenvolvimento para a sua cidade, o seu estado e o seu país.
Gostaria de dizer finalmente que foi uma honra e um prazer poder conviver com o amigo Arthur Bruno Schwambach que foi um exemplo de empreendedor e empresário que tivemos como amigo no Recife.”
h) DR ELIEL NASCIMENTO, ENGENHEIRO E EMPRESÁRIO (SOTIL) DO SETOR DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS (em junho de 2020)
” Tive o privilégio de ter conhecido os primórdios da Borborema. Daí minha grande admiração pelo Sr. Arthur Bruno Schwambach.
Desde os tenros anos da minha infância, como vizinho,observava a desenvoltura da Borborema. Vibrava com a velocidade do crescimentoda frota. O Sr. Schwambach era um investidor inveterado, entusiasmado, nãomedia esforços para o desenvolvimento da empresa que comandava.
Lembro-me do carro número 1, Chevrolet ano 46; dos denúmeros 5 ou 9, Chevrolet comprido ano 51; das chocadeiras, ônibus com rodasdianteiras recuadas, 3 ou 5 novos, incorporados à frota.
Sempre querendo inovar, o Sr. Schwambach adquiriu doisônibus apelidados de Papas-Filas, FNM. Eram assim chamados por sua grandecapacidade de transportar passageiros por serem ônibus montados em chassis decarreta. Operavam na linha de Casa Amarela e depois foram transformados emônibus comuns.
O Sr. Schwambach lutava e defendia a sua empresa comaltivez, sempre dentro da ética, da moral e da legalidade. Lembro-me das suaslutas na defesa da Borborema, enfrentando as greves e o mercado. Enfrentou asintenções de privatização do setor, com a implantação da CTU, trazendo muitosproblemas para os empresários, especialmente para a Borborema pois o Sr.Schwambach era um dos mais aguerridos defensores do setor privado.
Lembro do Sr. Schwambach recebendo ônibus novos, na cormarrom, repintados para verde, cor tradicional da Borborema na época. Lembro-medos acabamentos introduzidos pessoalmente pelo Sr. Schwambach nos ônibusnovos: letreiros; revisão das lâmpadas; melhoria dos destinospintados numa lona e instalados numaroldana acima dos para-brisas.
Lembro-me do entusiasmo do Sr Arthur apresentando ao SrSilva, seu amigo e vizinho da garagem no Vasco da gama, não escondendo a suavaidade, porém, guardando a simplicidade.
Lembro-me dele: do Sr. Schwambach com os olhos vibrando efazendo vibrar aqueles pequenos que admiravam a sua impetuosidade.
Sempre nutri uma admiração especial pelo Sr Arthur BrunoSchwambach. Ele me despertou o sonho deser empresário.
Obrigado, Sr. Schwambach por ter-lhe conhecido.
Eliel “
i) TEXTO PUBLICADO NO SITE WWW.FORTALBUS.COM.BR – “O LEGADO DEIXADO PELO PIONEIRO ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH DO GRUPO BORBOREMA”
” O Grupo Borborema atua nos segmentos de transportes urbano, rodoviário e fretamento com forte presença nos Estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Hoje fazem parte deste grupo as Empresas; Borborema Imperial Transportes, Real Alagoas de Viação, Real Alagoas Transporte Coletivo, Franciscana Transporte e Rodoviária Borborema, juntas essas empresas operam uma frota de 1.100 veículos. Mas todo esse império de transportes nordestinos se deve por conta do empenho de seu fundador, que em meio as dificuldades soube construir um patrimônio que é referência no cenário nacional.
Arthur Bruno Schwambach praticamente atravessou o País, do Sudeste ao Nordeste, para chegar ao cenário do seu triunfo. Até certo ponto, foi empurrado pelos acontecimentos. Tal como no caso de outros pioneiros, sua sorte esteve diretamente ligada ao desenrolar da Segunda Guerra Mundial…”
J) SÉRGIO VERVLOET
Sérgio é empresário e vive em Baixo Guandú / ES. O depoimento foi em junho de 2022 e é importante ao destacar aspectos da genealogia Vervloet, de Maria Amélia, a mãe de Bruno.
Sérgio assim escreveu: “Descobri que o primo, ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH tem uma biografia incrível . Ele é bisneto de JEAN JOSEPH VERVLOET. ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH foi o empresário fundador do grupo Borborema. É mais um descendente da nossa Família que fez história no Brasil. Um grande orgulho para todos da nossa Família VERVLOET e SCHWAMBACH.“
l) SERGIO PEDRO MACHADO SCHWAMBACH
O texto foi postado no FACEBOOK.
Esclarecimentos:
1- A fazendo francisca corresponde a FAZENDA FRANCISCANA, às margens do Rio São Francisco, na região de Ibotirama. Esta propriedade fazia parte do patrimônio de ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH. O Sérgio Pedro é neto de Sr. Oscar Schwambach, irmão do biografado. Um dos filhos do Sr. Oscar, pai do Sergio Pedro, morou na fazenda Franciscana por alguns anos para participar da administração.
2- A Sra Nely Schwambach Barroca, irmã do Sr. Arthur Bruno, confirma que o garotinho irmão do Sergio Paulo foi operado no Recife. E que viveu alguns dias em sua casa para a realização do procedimento.
Agora o depoimento do Sergio Pedro Machado Schwambach, tal como é visto no FACEBOOK.

m) FILHOS e NETOS
1) PEDRO EVERTON (nascimento 6/11/1946): ” Grandes lições recebi de ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH como pai e como líder.
Por ser o filho mais velho alguns fatos do início da década de 1950 merecem registro para as novas gerações.
A primeira instalação pequena, já uma garagem com reparo mecânico e estacionamento, foi na rua Padre Lemos esquina com rua Pedro Allain, em Casa Amarela. O prédio pertencia a José Arteiro. Era um grande armazém de madeira bruta, de portas e de esquadrias. A Borborema usava a parte dos fundos, um galpão ocioso.
Ali foi meu primeiro trabalho, sentado num banquinho de madeira sinalizando a cada motorista sua posição em relação aos concorrentes . Apenas um detalhe da busca incessante de eficiência operacional pela Borborema, razão do seu crescimento diferenciado.
Grandes dificuldades ocorreram. Talvez a maior tenha sido na década de 1960, após a criação da CTU e suas consequências: presidida por um General com meta de monopolizar todo o transporte coletivo do Recife , resultou em muitos prejuízos às empresas de transporte de passageiros, então existentes , à própria CTU e ao município do Recife.
A Borborema pela liderança exercida foi escolhida pela CTU como exemplo a demostrar a estatização em curso. Teve todas suas licenças de operação cassadas e seus veículos presos ficando expostos na rua Benfica durante bastante tempo.
Na ocasião ARTHUR BRUNO repetia sempre que “Quem não luta pelos seus direitos não merece o que tem”
Por falta de diálogo e pela prepotência do gestor público a questão foi judicializada e somente assim a Borborema recebeu sua indenização pelos ônibus confiscados.
Também vale lembrar a visão empresarial de meu pai que perseguiu de modo incessante a aquisição da Imperial Transportes pertencente a quatro sócios todos muito bem economicamente. Apenas um queria vender e os três outros resistiam a fazer o negócio. Foi muito trabalho com visitas inúmeras até a assinatura do contrato de compra que foi muito comemorada pela certeza do grande negócio realizado.
Eram 40 ônibus, no começo de 1970, mas com potencial de crescimento único no setor e alavanca do grande crescimento da Borborema.
Quem conviveu e viveu com meu pai aprendeu ao vivo pelo exemplo cotidiano.
Para quem ele é história e lenda fica a certeza que futuro não é destino.
2) DE OUTROS FILHOS:
3) DE OUTROS FILHOS
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EXPRESSO PERNAMBUCANO: LINHA RIO-RECIFE (década de 1970)




TEXTO PRODUZIDO POR MARIA DAS GRAÇAS SCHWAMBACH, FILHA DO BIOGRAFADO, PARA A SOLENIDADE DE INAUGURAÇÃO DA PLACA DA RUA ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH, EM 14 DE SETEMBRO DE 2023.
Arthur Bruno Schwambach nasceu em 5 de setembro de 1920, no município de Baixo Guandu, no Estado do Espírito Santo. Neto de imigrantes alemães, iniciou-se muito cedo nas atividades da agricultura e pecuária. Quando contava 14 anos de idade, faleceu seu pai, e ele assumiu a responsabilidade de manter o sustento da mãe e dos 10 irmãos. Trabalhava na propriedade da família, em agropecuária de subsistência, e ainda em uma selaria, confeccionando arreios e selas para cavalos.
Aos 17 anos, convocado para servir o Exército, encarou o desafio como forma não só de sustento de sua família, mas também como oportunidade de se qualificar profissionalmente. Foi incorporado como soldado no Batalhão de Engenharia, no Rio de Janeiro. Fez cursos de mecânica automotiva, motorista e datilógrafo. Posteriormente, foi transferido para a cidade de Natal e em 1945, para o Recife, integrando uma unidade expedicionária que se preparava para embarcar para a batalha na Itália. Com o término da Guerra, foi mais uma vez transferido, desta feita para a cidade de Campina Grande.
Começou a amadurecer o sonho de se dedicar, na vida civil, ao setor de transporte de passageiros, contando com os muitos conhecimentos sobre mecânica adquiridos no Exército. Admirava muito o nome de uma empresa de ônibus que existia em Campina Grande – Rainha da Borborema. Escolheu então o nome da empresa que pretendia montar em Recife – requereu e obteve autorização para chama-la Borborema.
Em 1946, casou-se com Augusta, a quem conheceu no Rio Grande do Norte, seu grande amor e companheira de toda vida.
Novamente em Recife, em 1951, promovido a 1º sargento, pediu licenciamento para dedicar-se ao setor de transporte. Deixou o Exército, mas mesmo assim, já na reserva, foi promovido a 2º tenente, por decreto presidencial.
Assim nasceu a Borborema. Não houve mágica, mas muito trabalho. Na década de 50, quando a economia do Brasil ainda era incipiente, sua visão de futuro antecipou uma nova era, tendo o transporte como agente de mudanças e transformações da sociedade, proporcionadas pela qualidade do sistema de circulação de bens e pessoas.
Com apenas um ônibus, construído sobre o chassi de um caminhão Chevrolet 1946, passou a operar a linha que ligava o bairro de Nova Descoberta ao Centro do Recife.
Tinha um único funcionário: ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH. Ele mesmo dirigia de dia e, à noite, era mecânico e encarregado da limpeza do veículo. Peças e componentes necessários para manter o ônibus rodando eram adquiridos em ferro-velho e por ele recondicionadas. Nada era desperdiçado. Não importavam os sacrifícios. Os desafios para ele se constituíam em estímulos. Entendia que somente com muita economia, muito trabalho e reinvestindo no negócio tudo o que ganhasse, conseguiria erguer uma empresa sólida. Não tinha nenhum patrimônio, mas desfrutava de bom conceito nos estabelecimentos bancários, pois nunca deixou de honrar os compromissos.
Com muito esforço e dedicação, o empreendimento cresceu, e a marca Borborema tornou-se cada vez mais conhecida pela qualidade e eficiência de seus serviços.
Em 1956 surgiu a Rodoviária Borborema, ligando municípios do interior de Pernambuco, como Vitória, Chã Grande, Glória de Goitá, Pombos e Lagoa do Carro à capital, Recife. Eram estradas não pavimentadas, com muita poeira e intransitáveis quando chovia, mas seu ideal de integrar estas cidades era mais forte do que os obstáculos que se colocavam à sua frente.
Em 1967, a Borborema Imperial Transportes, deu início à operação de linhas urbanas na Região Metropolitana do Recife. Lançou ônibus opcionais e micro-ônibus equipados com Ar-condicionado, inovação que se espalhou por outras capitais.
Logo depois, o Expresso Pernambucano, com modernos ônibus leito e semileito operando no trecho Recife/Rio e Recife/São Paulo. Pioneira no esquema de revezamento de motoristas em rotas de longas distâncias, posteriormente foi vendida à Companhia São Geraldo de Viação.
Em 1974, A Real Alagoas de Viação, com serviço interestadual entre Maceió/Recife e Maceió/Aracaju, e intermunicipal ligando diversos municípios de Alagoas, levou sua experiência ao estado vizinho.
Já a Real Transportes Urbanos, surgiu em 1988, operando linhas em Maceió, que se projetava como principal centro do turismo de praia do litoral brasileiro,
Expandiu suas atividades para concessionárias de automóveis, ônibus e caminhões.
As atividades agropecuárias, em Pernambuco e no Espírito Santo, sua terra natal, o mantiveram sempre ligado às suas origens, de forma pioneira e moderna.
Segundo suas palavras, administrar a Borborema era um desafio constante, mas que o fascinava e conquistava a cada dia.
Líder empresarial, foi presidente e conselheiro de diversas entidades sindicais, ressaltando sempre a importância da união em torno de objetivos comuns.
Foi agraciado com a Cidadania Recifense, com a Cidadania Pernambucana e com a Cidadania Alagoana. Com a Medalha Conselheiro João Alfredo de Oliveira, do TRT -6; com a Medalha do Pacificador, do Exército Brasileiro; com o título de Cavaleiro do Corpo de Graduados Especiais da Ordem do Mérito Militar, com o título de Pioneiro do Transporte Rodoviário de Passageiros, outorgado pela ABRATI, e com o título de Membro Honorário da Força Aérea Brasileira, para mencionar apenas estes.
Empresário sério e responsável, faleceu em 22 de novembro de 2017, aos 97 anos, deixando um legado de vida e luta. O grupo Borborema continua ofertando trabalho, gerando renda, empregando centenas de pessoas – hoje são quase 3.000 empregos diretos. em Pernambuco, Alagoas e Espírito Santo. Ao longo de quase 7 décadas, inúmeros colaboradores levaram a suas famílias o produto de seu trabalho nos empreendimentos idealizados por Arthur Bruno Schwambach. Além da formação, aperfeiçoamento e bem-estar dos funcionários, o Grupo apoia diversos projetos sociais e culturais importantes.
Seu nome agora é perpetuado por iniciativa do saudoso vereador, competente empresário, grande e leal amigo Carlos Gueiros, através de seu projeto de lei nº 154/2019, cujo texto serviu de inspiração para estas palavras. Devidamente aprovado pelo Poder legislativo, e sancionado pelo prefeito Geraldo Júlio de Melo em 17 de setembro de 2019, torna-se Lei n 18.623/2019. Fica alterada então a nomenclatura da Rua Cosmorama para Rua Arthur Bruno Schwambach, rua esta que liga duas importantes garagens do Grupo Borborema, situadas na Av. Armindo Moura e na Rua Almirante Saldanha da Gama. Hoje tivemos a honra de descerrar a placa oficial da Prefeitura do Recife, no cruzamento com a Av. Armindo Moura, placa essa que, com o painel de azulejos do “Projeto História nas Paredes”, já fixado no muro do Clube de Oficiais da Aeronáutica, insere definitivamente Arthur Bruno Schwambach na memória da cidade que escolheu para viver e transportar desenvolvimento, produção, sonhos e esperanças de diversas comunidades.
PLACA “OFICIAL” DA RUA ARTHUR BRUNO SCHWAMBACH (CEP- 51130-080)
